2022-04-18

E4 Cf6. A última jogada de Alekhine em Portugal.

24 de março de 1946. Manhã de domingo, no quarto 43, Hotel do Parque, no Estoril. Alexandre Alekhine, campeão mundial de xadrez é encontrado morto, aos 53 anos, junto a um tabuleiro com as peças na posição inicial. Uma morte envolta em mistério e enigma, uma vez que a genialidade do campeão russo só encontrava competição na sua capacidade de fazer inimigos durante a vida. É sobre os seus últimos dias e os últimos sete anos de vida que Arthur Larrue – professor de literatura francesa, expulso da Rússia e atualmente a viver em Lisboa –, escreve A Diagonal Alekhine, que chega às livrarias nacionais a 21 de abril, com tradução de Antonio Sabler.

Partilhar:

Este é um romance que se lê com a intensidade de uma partida de xadrez, jogada a jogada, com todos os ingredientes de uma personagem consagrada pelo czar, perseguida por Estaline, chantageada por Goebbels e odiada por muitos praticantes do jogo. Russo branco, naturalizado francês, Alexandre Alekhine foi o único campeão do mundo a ter perdido e depois reconquistado o título.

Em Buenos Aires foi apanhado pelo começo da II Guerra Mundial, em 1939. Mobilizado e obrigado a regressar a Paris, testemunhou o colapso do seu país de adoção; instrumentalizado e sitiado pelos novos donos da Europa, é obrigado por Joseph Goebbels a participar em torneios nos novos territórios do III Reich. De jogador, transforma-se em objeto de jogo. As peças-chave caem no tabuleiro da sua vida: a sua mulher, Grace, os grandes mestres judeus, até os seus melhores rivais. Sozinho contra todos e contra ele próprio. Morre no Estoril, em 1946.

O Palácio do Grilo, em Lisboa, abre a portas para a sessão de lançamento de A Diagonal de Alekhine, de Arthur Larrue, a 29 de abril, às 19h00. Com apresentação de José Mário Silva.