A Diagonal Alekhine
Campeão mundial, russo branco, naturalizado francês, Alexandre Alekhine (Moscovo, 1892-1946) joga a sua vida como as suas próprias partidas de xadrez (arrebatou o título mundial de xadrez contra o lendário Raúl Capablanca aos 35 anos), de vitória em vitória e de continente a continente. Em Buenos Aires foi apanhado pelo começo da II Guerra Mundial, em 1939. Mobilizado e obrigado a regressar a Paris, testemunhou o colapso do seu país de adoção; instrumentalizado e sitiado pelos novos donos da Europa, é obrigado por Joseph Goebbels a participar em torneios nos novos territórios do III Reich. De jogador, transforma-se em objeto de jogo. As suas peças-chave caem no tabuleiro da sua vida: a sua mulher, Grace, os grandes mestres judeus, até os seus melhores rivais.
Quando a guerra acabou, refugiou-se em Portugal a fim de preparar uma última partida (contra o campeão soviético, Mikhail Botvinnik). Instala-se no Estoril, ainda um ninho de espiões, e, sem dinheiro, fazia exibições no Casino, no Instituto Superior Técnico e na Sociedade de Geografia. Nos últimos dias de vida enfrenta o desconhecido, o alcoolismo e o passado - morreu em circunstâncias estranhas, e muito discutidas (até pela autópsia, realizada pela PIDE), a 24 de março de 1946. Ainda é um mistério. Este romance é o filme dramático e enigmático das suas últimas sete semanas de vida.