2021-05-06

Uma realidade que não se podia inventar.

«Atinge-se um limiar de humilhação que torna tudo insuportável daí por diante. Tornamo-nos extremamente suscetíveis a um certo número de coisas. Esse limiar de humilhação, atingimo-lo mal chegámos a Auschwitz-Birkenau.» Simone Veil, que, mais tarde, viria a levar a aprovação a lei da interrupção voluntária da gravidez em França (em 1975) e a ser a primeira mulher a presidir ao Parlamento Europeu (em 1979), tinha apenas dezasseis anos quando foi deportada com a família para o campo de concentração nazi de Auschwitz-Birkenau, depois para Bobrek e Bergen-Belsen. Perdeu a mãe, o pai e o irmão.

Partilhar:

«O nosso assombro durou todo um dia. Entre o duche, a sauna e as roupas andrajosas, apenas tínhamos perguntas sem respostas. Depois, com horror, descobrimos os blocos. Eram longos barracões de tijolo, com o pavimento em betão e uma vaga lareira no meio. Havia fileiras de estrados a que chamávamos coyas – sem dúvida uma palavra polaca –, espécie de gaiolas sem grades, com colchões de palha. Éramos amontoadas às cinco ou seis por estrado, por vezes cabeças com pés por carência de lugar.»

A Madrugada em Birkenau, de Simone Veil, com testemunhos recolhidos pelo cineasta David Teboul, é um extraordinário documento histórico, enriquecido por muitas fotografias. Primeiro, Simone Veil fala da sua infância em Nice, recorda o início das perseguições raciais em França, e relata a deportação, a vida nos campos de Drancy, Auschwitz-Birkenau, Bobrek e Bergen-Belsen, e o impacto desses acontecimentos na vida que se lhes seguiu. Depois, dialoga com outros sobreviventes do Holocausto, antigos companheiros dos campos, e com a irmã, membro da Resistência, que reencontrou no fim da guerra. Chega às livrarias nacionais, com tradução de Antonio Sabler, a 13 de maio.