O que leva as pessoas a deslocarem-se e a não ficarem quietas? Reunidos e publicados oitos anos depois da morte de Bruce Chatwin, os textos que compõem Anatomia da Errância são contos, apontamentos de viagem, ensaios, artigos e críticas literárias dispersas que chegam a distar até vinte anos entre si. Versam sobre o permanente fascínio do autor pelo nomadismo e pela errância, essenciais para a nossa felicidade e para entendermos o mundo.
«Todos temos adrenalina. Não podemos eliminá-la do nosso sistema e rezar para que se evapore. Privados do perigo, inventamos inimigos artificiais, doenças psicossomáticas, cobradores de impostos e, pior do que tudo, somos nós próprios, se ficarmos sós no quarto. A adrenalina é o nosso subsídio de viagem», escreve Chatwin, naquela que é uma leitura imprescindível, sobretudo numa altura em que volta a ser possível viajar e sonhar com viagens.
Antropólogo e arqueólogo, historiador da arte, ficcionista, crítico literário, jornalista, repórter à solta e escritor de literatura de viagens, Chatwin sabe que o nomadismo é uma condição do nosso destino. A história de todas as civilizações oscila entre o desejo de ambas as coisas: mudar de lugar ou manter-se em casa (um sítio «onde pendurar o chapéu»), mas o que o surpre-ende é perceber que a busca de conforto — o sentido da vida —pode encontrar-se tanto numa coisa como noutra.