Em Instantâneos, Claudio Magris
compõe uma sequência (cronológica) de textos muito breves,
em que disseca pequenos e grandes aspetos da vida
quotidiana, da vida política e da nossa intimidade.
Estigmatiza falsas crenças, maneiras de ler e
comportamentos por detrás dos quais se escondem abismos
de incompreensão e indiferença; destaca pequenos gestos
que revelam a grandeza da alma humana; e retira da História
e da Literatura situações surpreendentes que iluminam o
tempo confuso em que vivemos.
Daqui, emerge uma pequena comédia humana, um fresco
das nossas vidas cuja moldura é o espírito cáustico e irónico
de um grande autor do nosso tempo – que não nos diz como
devemos ser ou viver, mas que nos convida a olhar para nós
mesmos com rigor e ternura.
«Sentamo-nos, pomos uma cara séria e nobremente interessada, tal
como se põe uma gravata, e abandonamo-nos ao rio dos próprios
pensamentos, tal como o orador se abandona ao fumo das próprias
palavras. Mas quantas vezes, e não apenas nas salas de conferência,
falamos com outros sem nos ouvirmos e passamos ao lado uns dos
outros, estranhos e distantes, imediatamente engolidos pela multidão,
deixando morrer uma possibilidade de encontro, de amizade, de amor.»
2018-02-16