2020-01-03

Depois dos livrinhos de Natal, regressam os bons livros da Quetzal.

Uma Ilíada feminista, novos títulos de José Eduardo Agualusa, Riço Direitinho e Bruno Vieira Amaral, bem como os mais recentes do Nobel Mario Vargas Llosa e Patti Smith. Com espaço ainda para a gastronomia, cortesia de Ricardo Dias Felner.

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Romances, gastronomia, viagens, contos e memórias. O novo ano traz muitas no-vidades e valores seguros com o cunho Quetzal Editores. 2020 arranca com uma Ilíada feminista, que chega às livrarias em fevereiro com autoria da galardoada autora britânica Pat Barker. Narrado por Briseida, troféu e concubina de Aquiles, O Silêncio das Mulheres é um romance sobre as figuras da Guerra de Tróia esquecidas pela história: as escravas, as prostitutas, as enfermeiras, as que tratam os mortos.

Isto no mesmo mês em que o omnívoro crítico gastronómico Ricardo Dias Felner assina o livro O Homem que Comia de Tudo, uma aventura de risco pelos grande lugares da comida. Mistura comida delirante com vistas a restaurantes populares, receitas e evocações de comidas maravilhosas. E viaja em redor da mania portuguesa pela comida, elegantemente escrito. Nas livrarias a 28 de fevereiro.

Em abril, Bruno Vieira Amaral convida para Uma Ida ao Motel, uma recolha de contos sobre o quotidiano lisboe-ta e suburbano. Recorrendo aos bairros que fazem já parte do universo dos seus romances, Bruno Vieira Amaral fala de pessoas perdidas, com vidas amargas que raramente aparecem nas páginas dos jornais: mulheres e homens que conhecem a pobreza, os transportes suburbanos, os sonhos que nunca se realizam, as famílias desfeitas, os amores impossíveis – e os desejos sem nome.


Ainda em Abril, chega um novo romance de José Eduardo Agualusa, No Princípio era a Palavra, onde um grupo de poetas e contadores reinventa o mundo, ou uma parte do mundo, sem terem perfeita consciência disso, depois que o planeta colapsa.


Maio é o mês de Mario Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura, que regressa ao grande romance político com Tempos Duros. A história parte de dois norte-americanos, Sam Zemurray e Edward L. Bernays, que estabeleceram o poderio da United Fruit Company -- multinacional que deteve por mais de 50 anos o monopólio da importação de bananas dos países da América Central para os EUA –, o que veio a permitir a interferência sistemática dos interesses norte-americanos no destino político dos países da América Latina. Conspiração política em torno de uma mentira que mudou o rumo da História neste continente.


Na Planície das Serpentes, é o novo grande clássico de viagens de Paul Theroux, que percorre toda a extensão da fronteira EUA- México (onde encontra emigrantes em busca de conforto) e depois mergulha profundamente no interior, nas estradas secundárias de Chiapas e Oaxaca, vai a Monterrey e a Veracruz para descobrir um mundo fascinante escondido por detrás da brutalidade e da violência das manchetes dos jornais e das histórias dos cartéis da droga. Theroux redescobre um país grandioso e cheio de história, que fascina várias gerações. Disponível em Maio.


José Riço Direitinho regressa às livrarias com Amada, um romance poético, distópico e carregado de confissões, que recupera um personagem do livro anterior, O Escuro Que Te Ilumina, desta vez no ano 2050. Agora com 85 anos, o personagem solitário está numa clínica nas montanhas suíças e espera o momento da eutanásia. Seis dias – e seis cartas para a mulher que desaparece subitamente no livro anterior: a história de um amor feliz que sobreviveu por décadas. Durante esse tempo, parte de Lisboa e outros lugares da costa portuguesa foram submersos pelo mar. Acon-teceu uma guerra, breve: a Guerra 3. Os países europeus como os conhecemos politicamente desapareceram.


Em junho chega às livrarias a edição portuguesa de O Ano do Macaco, o mais recente livro de Patti Smith. Muitos são os encontros e as perdas que alimentam a memória do ano do septuagésimo aniversário da autora, um ano de itinerância entre concertos, que começa com a chegada de Patti Smith ao motel Dream Inn em Santa Cruz, Califórnia. Nessa madrugada, em que a narradora transita livremente entre um sono leve e uma vigília povoada de sonhos, tudo parece dotado de vida e voz humanas: os objetos falam, os mortos falam e interpela esta mulher que, enrolada numa mante, deambula pela paisagem. Em pano de fundo, o munda da política agita-se numa eleição tóxica. Em primeiro plano, o desaparecimento de dois grandes amigos: Sandy Pearlman e Sam Shepard.