O cego Gaudêncio só tocou duas vezes a mazurca «Ma Petite Marianne»: em novembro de 1936, quando mataram Baldomero Afoito, e em janeiro de 1940, quando mataram Fabián Minguela. Depois nunca mais quis voltar a tocá-la. Eram os tempos turvos e vingativos da Guerra Civil de Espanha.
Mazurca para Dois Mortos constitui uma impressionante rememoração do ambiente quase mítico da guerra, da Galiza rural e da violência humana. Um retábulo de vidas dominadas pela violência, pelo sexo e pela superstição atávica. Uma das melhores obras de um dos mais importantes escritores espanhóis contemporâneos, Mazurca para Dois Mortos alcançou em Espanha 18 edições em três anos e está traduzida para várias línguas europeias. É um genuíno tour de force quanto ao tratamento da forma narrativa. Estamos perante a obra de um dos mais altos expoentes da literatura espanhola, cujo perfeito domínio da ambiguidade e cuja capacidade para a criação de ambientes requintadamente insólitos só são superados pelo manejo excecional das formas literárias. É o regresso de Cela às livrarias portuguesas.
Com tradução de Maria Carlota Pracana e Salvato Teles de Menezes, chega às livrarias a 1 de junho.