Com uma escrita hábil e sensível, a neta de Agustina Bessa-Luís leva-nos a deambular entre Roma e Lisboa, na procura de uma ligação entre o amor e a pintura. A de um encontro entre uma jovem, a arte de Piero della Francesca e um pintor de hoje, também chamado Piero – um homem que a narradora vê pela primeira vez num café, na esquina de uma praça, em Roma. Essa vida imaginária a três rapidamente se transforma numa dança de biografias sob o calor de Itália, em que não sabemos que personagem está a guiar-nos: a melancolia vibrante da mulher, o misterioso pintor romano, ou a figura longínqua e genial de Piero della Francesca.
Revisitando a obra do pintor renascentista italiano, Leonor Baldaque sobrepõe a imagem do andarilho solitário que percorre as ruas de Itália, as «cidades quase imaginárias, ideais, do Renascimento», sobre as pegadas do mestre do século XV. Ao mesmo tempo, mostra-nos o percurso da «procura da beleza» de uma jovem pintora que passeia pelas vielas de Alfama, em Lisboa, personagem ao mesmo tempo intensa e evanescente que Leonor Baldaque interpretou em A Religiosa Portuguesa, de Eugène Green.
Piero Solidão chega às livrarias a 11 de abril, numa altura em que Leonor Baldaque apresenta o seu álbum em Lisboa e no Porto.