Este é um livro invulgar, que dá azo à ironia mordaz tão característica do autor. Em tom cruel e divertido, imperdível, Camilo José Cela elabora um catálogo de cornudos de todas as condições e méritos. Nenhum leitor pode ficar indiferente: no mínimo vai sorrir perante tamanho descaramento, ou rir-se a bandeiras despregadas. Afinal, este é um tema que continua a suscitar um certo interesse e a provocar ironias e comentários.
Em matéria de diversidade, há-os de todas as qualidades e feitios: o cornudo puro e simples, o aproveitador de restos, o banana, o bonacheirão, o cagão, o chorão ou o cornudo com carências afetivas. Também os há do tipo imaginário – «aquele que, sem o ser, sofre, acreditando que o é» –, importantes e impotentes, e há, até, o cornudo estica-e-encolhe – «uma espécie chata e muito suscetível». Nesta lista infindável de desgraças e desgraçados, também se encontra o cornudo kaiser, «aquele que ameaça comer o mundo todo e, afinal, não come nem uma mosca». O que dizer do cornudo manhoso, «contra o qual não há defesa possível»? E do nato ou predestinado, «que já nasceu para ser cornudo»?
O humor imperdível de Camilo José Cela não tem limites e, na Quetzal, não queremos que os leitores portugueses sejam impedidos de ler esta obra-prima.
Com tradução de Afonso Praça, Rol de Cornudos chega às livrarias a 4 de abril.