Alceste, nessa primeira encenação interpretado pelo próprio Molière, é o misantropo, ou, como o subtítulo desaparecido da peça indicava, o «atrabiliário amo-roso». Odeia a sociedade do seu tempo e rejeita por completo todas as suas convenções — que considera hipócritas e cobardes —, o que faz com que viva tomado por um profundo pessimismo e se subtraia cada vez mais ao convívio humano, mesmo ao dos amigos. Porém, Alceste ama a jovem viúva Celimena, figura mundana, independente e galante, que quer viver a sua juventude e se recusa a segui-lo para uma vida de isolamento. Mas esta paixão — que se deixa ditar pelo desejo — compromete e perverte o equilíbrio da moral de Alceste, que prefere a coquette Celimena à prima dela, a sincera Eliante.
Esta tradução de Vasco Graça Moura reaviva a limpidez clássica do texto, o seu sentido de humor cáustico e a força das personagens.