Dez anos depois do lançamento de O Chamador, Álvaro Laborinho Lúcio surge de calções, na escola dos pés-descalços e alvo de verdascas nas orelhas por parte de professores que não lhe reconheciam talento para os estudos. Ouvimo-lo recordar o ritmo das batidas dos telegramas que o pai enviava nos correios e sentimos o cheiro a maresia da Nazaré, transversal a tantas memórias de tantos nascimentos diferentes. O teatro, a magistratura, o Fundão e os Açores, a crise académica de 1962, o Sporting e a literatura. São tempos de nascer, tempos de voar, tempos de lutar e tempos de partir.
«Este é o produto de uma memória propositadamente não elaborada, sem trabalho de reconstituição, escorrendo em palavras a partir de uma mistura de lembranças e de esquecimentos, desprendida do rigor das provas, alheada dos documentos, dispensada de breves desígnios de certeza como fundamento de uma verdade que se quer ver reconhecida», escreve o autor, com a sensibilidade, sentido de humor e inteligência a que já nos habituou.
A Vida na Selva chega às livrarias a 8 de fevereiro.