Para Platão, o tempo era uma imagem em movimento da eternidade. Borges cita o filósofo no início deste livro. O texto que dá o título a História da Eternidade ocupa-se do tempo e da sua negação e examina os dois conceitos opostos da eternidade: a alexandrina, de raiz platónica, e a cristã, nascida com a doutrina trinitária e formalizada por Santo Agostinho. Outras passagens deste volume são digressões luminosas que apresentam quer a doutrina de Nietzsche sobre o eterno retorno, quer as ideias sobre o movimento da história – pequenos tratados de filosofia e literatura.
Ao mencionar a essência do tempo e as nossas perplexidades, Borges dá como exemplo o caso dos tradutores de As Mil e Uma Noites, que nunca encontraram uma única versão definitiva. História da Eternidade, cuja primeira edição data de 1936, anuncia os contornos do génio de Borges e a sua presença no cânone da literatura do século xx.
Disponível a 11 de agosto, com tradução de José Colaço Barreiros.