2024-04-01

«Cadente», a estreia de Mário Rufino.

«O último a morrer será o último a lembrar e a esquecer.» Enquanto a vida da avó se vai desfazendo, o neto luta contra a culpa – e contra a dor, o esquecimento e a morte. Cadente, o romance de estreia de Mário Rufino, transborda de sentimento e coragem numa história de luta contra os demónios interiores e a doença de Alzheimer. Chega às livrarias a 11 de abril.

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«De um segundo para o outro, até de respirar o corpo se esqueceu. Largado esse hábito, libertou-se de tudo.» Com uma escrita fluída e sensível, Mário Rufino leva-nos numa viagem nem sempre tranquila pela memória de uma família vítimas das circunstâncias. A avó é forçada a cuidar do neto, quase adolescente, quando a mãe lho entrega. Depois de ter sofrido durante a revolução (por estar «no lado errado da história»), de perder tudo e de regressar à vida, tem de cuidar de um neto que mal conhece.

Quando ele entra na adolescência e na droga, a avó procura um emprego para conseguir pagar as contas. Até que a doença muda tudo – é lenta, mas imparável. Ela precisa de cada vez mais cuidados; ele quer começar uma vida nova, mas vai percebendo que morre um pouco de cada vez que a avó se esquece das suas histórias e do seu nome. Para se resgatar, tem de lidar com o passado e com a sua própria culpa. Mais do que isso: tem de aprender a olhar por ela, ouvi-la e guardar as memórias – para a salvar do esquecimento.