2024-10-15

A subversão na poesia de Ovídio.

É um remédio usado contra o amor: combatê-lo ou persegui-lo? É nesta ambiguidade que reside a essência da nova e completa edição de Remédios contra o Amor, de Ovídio, com tradução, notas e introdução de Carlos Ascenso André, que a Quetzal faz chegar às livrarias em versão bilingue – latim e português. Trata-se de uma edição cuidada, em capa dura, com sobrecapa e pintura a cores, que estará disponível a 24 de outubro.

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Depois de Arte de Amar, Carlos Ascenso André revisita a tradução deste clássico intemporal e sugere uma nova interpretação do seu significado: «Os Remedia amoris eram bem mais do que o divertimento poético que pareciam ser à primeira leitura», sugere, admitindo uma revisão do lugar da mulher, que assume um papel muito mais profundo nestes poemas: «São um prodígio de ironia e uma afirmação do primado da mulher.»

Nestes versos, além de enumerar vários preceitos de grande utilidade para os amantes, Ovídio reafirma o que já antes pontualmente sustentara: o direito da mulher à livre fruição do seu corpo, o seu direito ao prazer, à escolha do parceiro, à infidelidade e ao engano, bem como o seu direito à definição ou rejeição da modalidade preferida nos jogos de amor. «Na relação amorosa quem fica em cativeiro é o homem, é ele quem tem precisão de libertar-se dessa espécie de escravatura. O amor fixou morada no seu “coração cativo”; impõe-se-lhe, pois, que rompa as “cadeias” que o prendem e recupere a liberdade.»